Já ouvi muitos
relatos de pessoas que se envolveram na homossexualidade e que resolveram
contar sobre sua libertação. Já ouvi casos de pessoas que afirmaram não terem
passado por um processo de transformação, mas vivenciaram uma mudança
instantânea. O fato é que, desde que comecei a procurar informações sobre este
assunto, foram muitas histórias que apareceram – histórias interessantes, com
grandes vitórias e algumas nem um pouco bem sucedidas. Identifiquei-me com
alguns relatos, mas alguns pontos importantes presentes em minha vida nunca
foram relatados. Dessa forma considerei oportuno escrever um pouco sobre minha
caminhada com Deus.
Nasci num lar
cristão. Meu pai era evangelista e sempre trabalhou ativamente na igreja. Minha
mãe também sempre esteve à frente de alguns trabalhos. Cresci, então,
aprendendo a viver em Cristo, ouvindo a Palavra de Deus e me envolvendo nas
atividades da igreja. Estava entrando na adolescência quando meu pai foi
consagrado a pastor. Achei muito interessante isso no início, até porque ele
sempre fez o trabalho de um pastor, mesmo quando era evangelista. Depois de um
tempo, comecei a não gostar tanto da idéia – quem é filho de pastor sabe que as
coisas não são tão fáceis para nós. Hoje, no entanto, glorifico a Deus por ter
sido criado em uma família como a minha e por ter sido filho de pastor, pois
tudo isso faz parte da minha constituição como parte integrante do Corpo de
Cristo.
Eu e meu pai
tínhamos uma grande diferença de idade. Como ele tinha um trabalho secular e a
igreja para pastorear, seu tempo em casa era bastante escasso. Assim, tivemos
um relacionamento bem distante. Tive uma infância tranqüila, mas já me sentia
diferente dos demais garotos. Não sabia o que seria essa diferença, mas eu não
me via como sendo igual a eles. Fui crescendo e na escola, por vezes, ouvia
alguns insultos dos colegas, pelo fato de não jogar futebol como eles e por
andar muito com as meninas da classe. De certa forma, tudo isso me incomodava,
embora eu não soubesse o que havia de errado comigo.
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Chegou então à puberdade e, com ela, várias
descobertas, incluindo a masturbação. Lembro-me de que já ouvira meus colegas
falarem sobre essa prática e um dia, por curiosidade, comecei a me masturbar.
Sempre pensando nas minhas colegas, fui descobrindo o prazer que vinha desse
ato, imaginando como seria uma relação sexual com as mulheres. Até esse
momento, não pensava nos garotos.
Certo dia, minha mãe e minha cunhada estavam
conversando e de repente começaram a falar sobre sexo. No meio da conversa,
surgiu alguma referência à masturbação e minha mãe falou que era pecado, pois o
homem ficava pensando em alguma mulher para sentir prazer. Aquelas palavras
ficaram ecoando em minha mente, num misto de temor, confusão e decepção pelo
fato de algo tão bom e aparentemente tão inocente ser pecado.
Pouco tempo
depois, vem à minha mente um pensamento: “Um homem se masturbar pensando em uma
mulher é pecado; e se ele pensar em outro homem será isso pecado também?”. Após
esse pensamento, veio a ideia de experimentar essa nova “modalidade” e ver se o
prazer seria o mesmo. Percebi que isso também trazia uma satisfação e então
comecei a me estimular freqüentemente dessa forma, ou seja, pensando em homens.
Na época eu não tinha noção do que estava fazendo
comigo mesmo e das conseqüências desse padrão de pensamento. Deixei então de
pensar nas minhas amigas e imaginava algumas intimidades com meus colegas. Em
minhas fantasias, nunca imaginava uma relação sexual; eu não tinha noção de
como seria isso. Melhor dizendo, não passava pela minha cabeça que um homem
poderia fazer sexo com outro homem. Parece estranho dizer, mas durante toda
minha adolescência essa prática era acompanhada de certa ingenuidade no que se
refere ao sexo. Somente muito tempo depois fui perceber que, em todos aqueles
anos alimentando tais fantasias, foi-se construindo um padrão de pensamento e
meu corpo foi-se condicionando a responder a esses estímulos até que não
conseguia mais me excitar pensando em uma mulher.
E assim foram os anos se passando e já nem tinha
curiosidade em relação ao corpo de uma mulher. Tive alguns poucos contatos com
pornografia, quando trabalhava em uma loja e vi algumas revistas Playboy. Mas
eu sempre tinha um medo muito grande de pecar; então via as revistas
rapidamente, mas nada daquilo entrava em meu coração.
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Durante muitos
anos, meus colegas na igreja me procuravam para falar sobre as dificuldades que
enfrentavam em relação à pornografia e eu sempre os aconselhava. Não entendia,
no entanto, por que aquilo os prendia tanto, visto que das poucas vezes que eu
vi não me senti preso a esse pecado. Apenas olhei como se olha um catálogo de
produtos. Por todos esses aconselhamentos e pelo meu comportamento e
envolvimento na igreja eu era visto como um rapaz exemplar e de muita
confiança. Todos olhavam para mim como um modelo a ser seguido, mas somente eu
e Deus sabíamos o tanto que eu sofria por sentir atração por outros homens.
Nesse meio
tempo, tentei por diversas vezes deixar o vício da masturbação – sim, eu era
viciado nisso. Depois de muitas tentativas, aos 21 anos Deus me libertou dessa
prática. Fiquei vários anos sem me masturbar, mas ainda havia muitos sinais de
impureza sexual em minha vida. Para mim, no entanto, tudo isso já era um grande
avanço, uma vez que estava livre da masturbação. O que eu não compreendia era
que a pureza sexual envolve outras renúncias e que “pequenos” sinais de
impureza podem levar ao vício sexual.
Somente fui ter
um envolvimento com pornografia bem mais tarde, por volta dos 25 ou 26 anos,
quando vi um link na internet e surgiu uma curiosidade que me levou a acessar
um site pornográfico. Na verdade eu sabia que aquele link levaria a uma página
de conteúdo adulto, mas eu fiquei curioso para ver quem seria aquela mulher.
Para minha surpresa, pela primeira vez a pornografia iria me prender. Fiquei
extremamente excitado ao ver aquela mulher e ao mesmo tempo confuso e feliz por
saber que sentia prazer diante da nudez feminina. Em meio àquela confusão/excitação,
procurei outros sites com outras mulheres.
Inicialmente, eu
via apenas fotos. Com o tempo comecei a ver vídeos de sexo e de repente me vi
viciado em masturbação – que era algo que já havia vencido – e pornografia.
Foram muitas lutas, muito choro para me libertar de tudo isso. Nessa época eu
era muito amigo de um pastor com quem pude me abrir sobre esse problema
(pornografia e masturbação apenas; não falei sobre a atração por homens).
Aprendi muito nesse período e pude ver e entender o que meus colegas passavam.
Vi que não era tão simples assim. Que somente saber os versículos certos e
saber que era pecado não me afastava de tais atos.
Depois desse
envolvimento, de tempos em tempos eu me via preso novamente a esse pecado.
Certo dia, resolvi ver fotos de homens. Comecei vendo apenas fotos sensuais e
até que me vi assistindo a vídeos de sexo gay. Estava espiritualmente frio e
não conseguia abandonar aquele pecado.
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Foi necessário muito quebrantamento para que eu
abandonasse esse vício. Depois disso, esse passou a ser um pecado que sempre me
assediava e por vezes eu me rendia a curtos momentos de prazer para, então, me
arrepender e me quebrantar novamente.
A jornada para a
restauração sexual é árdua e quando caminhamos sozinhos, o fardo parece mais
pesado. Durante muitos anos eu lutei sozinho, até que um dia, assistindo a um
programa na TV, vi uma entrevista de um pessoal que desenvolvia um trabalho
interessante em que abordavam todas as questões que envolvem a pureza sexual.
Resolvi procurar nas redes sociais algum grupo ou comunidade que discutisse
sobre restauração sexual e encontrei algumas pessoas que passavam pela mesma
luta que eu. Conheci diversos irmãos que estão em processo de transformação e
que me ajudaram a entender muitos aspectos envolvidos nessa caminhada.
Pude me abrir
com várias pessoas e, principalmente, trazer à luz algo que estava escondido
dentro de mim. Nesses relacionamentos, temos encontrado cura e identificado
questões emocionais a serem trabalhadas.
Hoje, ao olhar
para trás, vejo o quanto Deus me guardou em toda a minha vida de uma maneira
especial. Até chegar à vida adulta, eu praticamente não tive nenhum contato com
homossexuais (não que eu soubesse). Costumo dizer que Deus me deixou “ilhado”,
totalmente afastado desse meio.
Aprendi que estamos em uma jornada e que, em Cristo, há restauração para
a sexualidade.
Aprendi que
Cristo e o Espírito Santo estão trabalhando em minha vida e que o objetivo
final é que eu me torne mais parecido com Jesus. Nesse processo em que Deus me
molda à imagem de seu filho, a sexualidade representa apenas um aspecto que está
sendo transformado. Há outras áreas em que Deus está trabalhando e não posso me
esquecer disso.
Aprendi que
relacionamento com Deus é a chave para a restauração da identidade e que, em
segundo lugar, vêm os demais relacionamentos. As curas emocionais não se dão na
reclusão e sim nas relações saudáveis com homens e com mulheres.
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Aprendi quem em
Cristo está o verdadeiro modelo de masculinidade que deve ser perseguido por
todos os homens que estão no caminho da santidade.
Com todas as
pessoas com quem conversei, todos os relatos que ouvi e a cada dia que passa,
tenho plena convicção do que eu quero e do que eu não quero para mim. Tenho uma
convicção que é maior do que qualquer tentação ou desejo que eu possa sentir.
Aprendi que o
padrão de pureza sexual de Deus é muito elevado, mas que isso não é motivo para
não buscá-lo. Pelo contrário, deve-se confiar apenas na graça e na misericórdia
de Cristo. Mesmo com toda minha impureza, sei que a obra redentora de Cristo é
suficiente.
Aprendi que não
é por que eu nunca me envolvi sexualmente que eu sou puro ou especial, mas que
é por causa do sacrifício completo de Cristo que eu sou aceito por Deus.
Aprendi que ser homem é muito bom, mas melhor ainda é ser um homem
segundo o coração de Deus.
Aprendi que em
Cristo somos livres para escolher o que fazemos com nossos desejos impróprios.
Aprendi a me importar com o dia de HOJE. HOJE eu quero ser santo. HOJE
eu quero ser puro.
Aprendi que quando Cristo é a resposta para meus anseios, então tudo
termina bem.
Aprendi que
não importam as dificuldades ou tempestades; CRISTO
é quem “nos leva ao porto desejado” (Salmos 107: 30b)
Com este breve
relato, quero encorajar a todos que lutam contra sentimentos por pessoas do
mesmo sexo. Se você nunca se envolveu, agradeça a Cristo por te guardar e saiba
que você não precisa experimentar o estilo de vida gay para ter certeza de que
não nasceu para isso. Saiba que Deus te ama, te entende e Ele sabe quem você é;
portanto, não importa o que os outros dizem, nem o que os seus sentimentos
querem dizer a você. Suas tentações não determinam quem você é. Somente Deus
pode te dizer sobre sua verdadeira identidade. E essa identidade você somente
conhecerá
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quando você conhecer a Deus. À medida que você
conhecer a Deus e a sua Palavra, então você conhecerá a si mesmo.
Você é amado por Deus. Ele caminha com você nessa jornada. Por isso:
NUNCA PARE DE LUTAR!
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