sexta-feira, 1 de junho de 2012

Nasci num lar composto por pai, mãe e cinco filhos, sendo eu o mais novo e o único homem.


Sábado à noite e eu aqui escrevendo a minha história. Se fosse num passado não muito distante seria uma oportunidade para me aventurar num bate-papo da internet ou então acessar pornografia.


Estranho começar assim, não é? Mas quis fugir do comum ao detalhar a minha experiência pra você. Na verdade, espero que compartilhá-la possa ajudar em algo.


Vamos lá: Chamo-me Thiago, atualmente com 23 anos (estou escrevendo em 11/12/2010), solteiro, virgem, cristão, um cara normal. Assim como muitos, enfrento problemas na área da sexualidade, entre os tais: vício sexual, impureza e desejos homossexuais. Espera... Mas eu disse que sou virgem, como posso ser um viciado sexual? Calma, irei explicar mais à frente.


Nasci num lar composto por pai, mãe e cinco filhos, sendo eu o mais novo e o único homem. Minha mãe, quando nasci, já era cristã e o meu pai, apesar de conhecer o Evangelho, não tinha nenhum vínculo com a igreja. Por certo, sempre meu pai foi ausente na minha criação e entendo que, por não haver um referencial masculino para me espelhar, acabei desenvolvendo atração por pessoas do mesmo sexo. Minha mãe, pela ausência do meu pai, por um lado tentou suprir essa falta, pois eu não posso reclamar de amor, carinho e aceitação da parte dela e de minhas irmãs. Por ser o único homem e o filho mais novo, minha mãe sempre foi muito zelosa comigo, me protegendo e me prendendo também. Lembro que eu não ficava muito na rua e sempre, sempre, informava aonde ia, com quem e etc.


Minha infância foi normal: comecei a estudar com cinco anos, pois já sabia ler e escrever (de acordo com a idade, ?). Na escola eu não me sentia diferente dos demais e à medida que ia me destacando, com o passar dos anos, alguns meninos acabavam por colocar apelidos pejorativos e de conotação sexual em mim, do tipo: “fresco, viadinho” e etc. Não brincava muito na rua e ficava boa parte do tempo com as minhas irmãs, cujos comportamentos eu observava, e desenhava principalmente vestidos de

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noiva e sereia. Mas logo depois, passei a ir para a rua, onde brincava com os demais meninos normalmente. Nunca fui exatamente igual a eles, sempre tinha algo diferente, mas eu buscava interagir e sempre fui bem aceito.


Na escola comecei a observar as meninas; achava algumas bonitas, fazia aqueles corações com iniciais... Coisas comuns. Não me passava pela cabeça que eu gostava de homens. Na infância tive o meu primeiro contato com material pornográfico, pois quando ia com meus colegas a uma quadra de esportes na escola do bairro, os adultos mostravam para nós tal material. Outra vez fui surpreendido pela mãe de um amigo enquanto eu e ele víamos uma revista na casa de um outro, sendo que era um quadrinho erótico. Morri de vergonha, mas continuava pensando nisso.


Na 4ª série, com 10 anos, eu gostava muito de uma menina, que não me deu bola. Mudei de escola e na 5ª série é quando começa a puberdade para a maioria, época de conhecer as meninas, de ficar, enfim... Acontece que as meninas não queriam me conhecer, tão pouco ficar comigo. Continuava sendo o mais inteligente da sala, mas inacessível pras meninas, exceto as feinhas que me queriam, mas eu, orgulhoso, não queria. No caminho da escola havia uma banca de revistas e eu ficava olhando as capas das revistas – todas pornográficas. Morria de vontade de comprar uma, mas temia, pois o que minha mãe pensaria caso encontrasse? Ao caminhar pelo bairro, às vezes eu encontrava materiais pornográficos e levava pra casa, onde, após ver, jogava fora, me sentindo culpado e o mais indigno entre os homens.


Entre 11 e 12 anos, minha mãe me proibiu de pular o muro da escola para jogar bola e, com isso, fui ficando em casa. Não mantinha mais aquele contato com os outros rapazes, exceto na hora da aula. Na escola ainda continuava ainda sendo o nerd, o primeiro em notas, mas o último em relacionamentos. Tinha alguns colegas, mas não eram amigos e começava a sofrer com a solidão e por me sentir diferente, quiçá rejeitado. Em casa começava-se a perguntar se eu já tinha beijado na boca, falava-se sobre os outros meninos que já estavam ficando e eu sempre falava que já tinha. Para o pessoal da escola falava que já tinha beijado na igreja e na igreja e em casa, falava que tinha beijado na escola.


Hormônios a mil, tive uma puberdade meio que precoce comparada com a dos vizinhos de mesma idade. Mas com quem falar sobre isso? O único adulto com quem eu tinha mais contato era meu pai! Os desejos sexuais começaram a aparecer, e o meu único acesso a pornografia se restringia àquela famosa sessão de filmes numa rede de TV aberta, mas eu

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comecei a notar que as mulheres não me chamavam a atenção. Quando elas apareciam sozinhas, não era legal.


Com o isolamento, me dedicava aos estudos e sempre me destaquei; com isso começava novamente a onda de falarem algo acerca de mim, que eu não pegava ninguém, que não gostava de mulher e assim por diante. Isso me entristecia, mas ficava quieto. Aprendi que era só fingir que não era comigo... Passavam-se os anos e o desejo por mulheres foi sumindo, inversamente proporcional ao desejo por homens. Não pensava em namorar e casar com um cara, mas ao ver as revistas, o sexo entre homens e mulheres me era muito interessante, vindo depois o sexo bissexual e, por último, o sexo gay.


Não há como não mencionar o problema que enfrento com a pornografia, aliás, vício. Foi me acompanhando desde a puberdade e me aprisionando também. Pois bem, sem aceitação, sem amigos e sem relações saudáveis, meu escape era a pornografia. Primeiro as revistas, depois filmes e, por fim, a internet.


Eu não tinha nem ficado com uma menina, muito menos com um homem, afinal, eu ainda era cristão. Por conta da pornografia eu cheguei a roubar uma revista numa banca no centro da minha cidade, roubei algumas dos meus colegas no meu primeiro emprego e aluguei filmes na conta da minha irmã. Mas, uma hora isso perdeu a graça, foi quando conheci os chats.


Inicialmente entrava, fazia hora com os gays e ia tocando a minha vida. O lance era entrar, seduzir e depois dizer que eu não era o da foto, que não ia rolar porque eu não podia fazer isso, que não era gay e etc. Por esse motivo, eu só teclava com pessoas de fora do Espírito Santo. Mas, um belo dia adicionei um cara da minha cidade e ele sugeriu um encontro. Marcamos no shopping; fui lá, mas como eu não era o da foto, vi a cara do sujeito e liguei dizendo que não dava pra eu ir; ele sacou a mentira e disse que poderíamos nos ver outro dia. Expliquei a situação, pedi desculpas e marquei novamente. Fui ao encontro dele e levei um cd para “reparar” meu erro. Fui a uma loja pagar uma fatura, depois fomos a outra loja e me despedi, sem nenhum contato. Ele entrou no MSN e me disse que era grato pelo cd, pois o fez lembrar do tempo que era líder de jovens, mas que, não suportou as tentações e saiu da igreja. Disse mais, que eu era homossexual e que não tinha pra onde fugir, estava estampado na minha cara isso e que não conseguiria lutar, pois ele mesmo não conseguiu. Caso eu quisesse, ele poderia arrumar uma pessoa para me iniciar na vida gay e daí eu poderia seguir minha vida.



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Fiquei muito mal com a descoberta sobre o cara e também pelo que me propôs. Senti o peso e as conseqüências dos meus atos. Mas apesar disso, eu continuei entrando nos chats, fazendo vítimas, me arrependendo e vendo pornografia. Era um círculo vicioso.


Praticamente sendo um Dom Juan virtual, o tempo foi passado e graças a Deus conheci um amigo, também pela internet, com o qual desabafei e abri o jogo. Ele me ajudou a ver meu problema, me indicou ajuda e me direcionou para um relacionamento com Deus. A partir daí me batizei e me dediquei mais a Obra de Deus. Ótimo? Não! Eu acabei fugindo dos meus desejos executando tarefas na igreja. Eu fazia de tudo, de decoração a programação de cultos e até mesmo pregações. Mesmo assim, a visita a chats e sites pornô não cessavam, pelo contrário, o que me trazia culpa, vergonha e raramente arrependimento, apesar do remorso.


Mais um tempo se passou e comecei a fazer aconselhamento cristão com uma conselheira. Contei-lhe toda a minha história, fizemos algumas tarefas que me ajudaram muito. Hoje reconheço a importância dela e da intervenção de Deus através dessa pessoa na minha vida. Passei a entender o que acontece, o que aconteceu e o que pode acontecer, que vai variar de acordo com meu posicionamento.


Tive acesso a materiais muito bons que me fizeram saber que muitos passam pelo mesmo, sendo que alguns conseguiram renunciar à homossexualidade, tendo vivido-a por um tempo ou não. Descobri que Deus me ama independente do que eu faça, e que, à medida que sou obediente à Sua Palavra, me torno o mais parecido com Jesus e isso não tem preço. Aliás, vale a pena pagar o preço.


Hoje, continuo não tendo beijado nenhuma garota e também nenhum garoto. Não tive oportunidades? Lógico que tive. Não tive vontade? Digo que muito mais de fazer sexo do que beijar, dormir junto e etc., mas eu sou responsável pelas minhas escolhas e elas me trazem conseqüências. A homossexualidade não gera vida. Só uma pessoa é o Caminho, Verdade e Vida. E a Bíblia é bem clara quando diz que é pra escolhermos a Vida (Deuteronômio 30:19)


Sei que Deus tem o melhor pra mim e entendo que pornografia, relacionamento gay e impureza sexual, além do vício, não se comparam com o que Ele tem e quer pra mim.

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As lutas são constantes, diárias e há momentos que penso que não vou conseguir, mas lembro de uma das falas da minha conselheira: “Ventos fortes vêm, mas também vão. Não se esqueça.”


Mas se eu confio no Homem a quem o vento e o mar obedeceram, quando o vento forte vier, o que eu preciso fazer?


Se eu pude escrever este relato para que você o lesse, não é mérito meu, mas sim da Graça de Deus, através de Jesus. Se você teve a oportunidade de ler e escolher o que fará daqui por diante com sua vida e escolhas, é também pela Graça de Deus.

Renda-se a ela!

Deus te abençoe!


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