sexta-feira, 1 de junho de 2012

A história de Tim


Obediência fez a diferença
Por Tim Wilkins

Traduzido e divulgado com autorização do autor

“Levanta pra levar outro soco!!” Parei horrorizado no meio do corredor enquanto meu pai gritava essas palavras para minha mãe, caída aos pés dele. Ele tinha acabado de jogá -la contra o piso da sala de estar. A briga de meus pais me acordara no meio da noite.
Essa é uma das minhas primeiras lembranças dos 5 ou 6 anos de idade. Creio ter feito uma promessa inconsciente naquele momento, “Não serei como este homem!” Assim começou minha rejeição pela masculinidade e a acolhida da homossexualidade.
O caos caracterizou o que chamávamos de “lar”.Mesas viradas e blasfêmias traumatizantes ecoavam por toda a casa. Pela manhã, era comum achar pedaços de vidro cobrindo o chão, campo de batalha doméstico da noite anterior. Certa vez, papai estourou o tímpano dela com uma ‘sapatada’. Ela gritava com uma dor horrível! Na noite seguinte, ele ameaçou fazer o mesmo no outro ouvido se ela não parasse de chorar.
Gritos inconscientes por ajuda
O clima era tão intenso que virei sonâmbulo. Como disseram minha mãe e meu irmão, eu andava pelo corredor, estalava a garganta e emitia sons chocantes. Minha rotina noturna levou minha mãe ao completo terror; meu pai ‘dormia’ para os meus gritos inconscientes por ajuda. Nenhum dos dois percebeu que o filho caçula precisava de acompanhamento, embora provavelmente tenham entendido que aquela raiva contínua contribuiu para os meus medos crescentes.
Várias décadas não apagaram a lembrança de uma tarde de verão em que eu brincava sozinho em um morro perto de casa, desejando ser abraçado por um homem. Eu era pequeno. Não havia sentimentos eróticos, só um desejo diferente por intimidade e proteção masculina – uma necessidade humana dada por Deus que não se concretizou na minha infância.
Já sabia que era diferente; alguma coisa não batia bem. Aos oito, lembro de admirar vestidos. Os babados e fitas me hipnotizavam, eu queria usá-los, mas como não tinha irmã, insisti com minha mãe que me comprasse um. Mamãe achava estranha minha insistência, mas infelizmente ela cedeu e me comprou um vestido.
Sofrimento sem fim
Raramente experimentei a aprovação e amor de meu pai, e minha mãe, cujas próprias necessidades não eram saciadas, me procurava para receber conselho e ajuda. Tornei-me seu marido substituto. Ela me falava abertamente do seu desprezo por meu pai e de seu desgosto por sexo. Com freqüência ela me repreendia para que fosse o mediador entre eles (é importante frisar que nunca ouvi ou li nenhum caso de pais que tentaram, de forma consciente, transformar seu filho ou filha em gay ou lésbica.)
Eu era muito maduro e excessivamente tímido, como a criança a quem eu nunca me enquadrei. Minha auto-estima era penosamente baixa.
Na puberdade, reconheci a atração pelos garotos da escola. “Deus, por que isso está acontecendo comigo? Por que os jogadores de basquete me são mais atraentes que as líderes de torcida?”
Minha dor emocional era tão intensa que tive um pedacinho de papel sob a pulseira do relógio por anos, no qual eu rabiscava quase microscopicamente, “Senhor, eu lhe confio a minha cura.” Embora, aos 9 anos, eu tenha entregado meu coração a Jesus, sabendo que Ele morreu pelos meus pecados, meu tumulto emocional continuava.
Abandonado!
Quando as discussões de meus pais alcançaram um nível insuportável, papai nos deixou e passou meses na casa de meus avós. Mamãe me pediu que dormisse com ela por conforto emocional. Por vezes, nossos utensílios eram quebrados. Uma vez, ele veio nos visitar; quando estava indo embora, minha mãe jogou um pote de farinha nas costas dele.
Lá pelos meus 10 anos, papai ficou tão bravo comigo que me tranquei no banheiro. Ele socava a porta me mandando sair. “Por favor, pa re!”, gritei. Quando me recusei a abrir, por medo de apanhar, ele começou a chutar a porta, enquanto ela me suplicava para sair; “Tudo ficará bem”, ela disse. Eu sabia que não ficaria! Quando a porta cedeu, eu pulei pela janela do segundo andar e me escondi em uma casa vazia próxima.
Minha escolha consciente pelo pecado!
Foi nessa época que cedi a minhas atrações pelo mesmo sexo. Eu tinha um amigo de escola há anos. Seu sorriso agradável e de aceitação me fascinava; ele gostava de mim. Pela primeira vez, um outro homem gostava de mim. Assim, começou meu envolvimento esporádico na prática homossexual. Logo percebi que era excitante, mas não me preenchia. Agradava, mas não satisfazia.
Em casa continuava um inferno. Mamãe me manipulava para chegar ao papai. Quando eu não cooperava com seus desejos, ela me acusava: “Você o ama mais que a mim.” Eu não queria escolher entre eles; só queria que eles se amassem e parassem de brigar.
Em outra ocasião, nós discutimos devido a um incidente. Quando meu pai chegou do trabalho, ela mandou que ele me punisse. As marcas roxas em minhas pernas eram tão notórias que na manhã seguinte acordei minha mãe antes de ir à escola e pedi que ela escrevesse um bilhete de desculpas por eu não usar a roupa de ginástica. Eu sabia que as marcas do sinto chamariam a atenção.

Obediência
Minha atividade homossexual continuou até os 20 e poucos anos, quando eu decidi que, embora não soubesse como me tornar heterossexual, eu saberia ser obediente.
Embora a Bíblia não desse o passo a passo para a saída da homossexualidade, era um livro repleto de princípios que eu poderia aplicar a minha vida. O salmista escreveu sobre não olhar para a tentação. Recusei-me a ver pornografia e desviava o olhar quando via um homem atraente. Tinha de fazer ajustes em minha vida. Focar-me no melhor de Deus para mim; em vez de em minha dor psicológica, eu meditava na admoestação de Paulo: "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro...respeitável . . . justo . . . puro . . .amável . . . de boa fama – se alguma virtude há e se algum louvor existe – seja isso que ocupe o vosso pensamento ." (Fil 4:8) Já que a Palavra de Deus exalta o amor entre homem e mulher, eu pedi ao Espírito Santo para ser meu mentor pessoal e me ensinar o jeito certo de amar uma mulher.  Mais ainda, pedi que Ele me ensinasse o jeito certo de me relacionar com outro homem.
Relembro do primeiro milagre de Jesus – no casamento de um homem com uma mulher. Quando o vinho de qualidade terminou, a mãe de Jesus lhe apresentou a situação complicada. Acho que Jesus a repreendeu.“Ainda não é chegado meu tempo”.
Mas logo depois Maria diz aos criados da casa: “O que Jesus lhes mandar fazer, façam.” Não acho que, naquela época, Maria tivesse consciência do significado eterno de seu conselho; quando fazemos o que Jesus nos manda fazer, aí o milagre acontece. Muitas vezes me pergunto se os criados expressaram alguma emoção ao trazer os barris de água para o interior da casa. Eles teriam tido medo de ser despedidos pela atitude tão descabida de oferecer água aos convidados?
Mas eles seguiram as instruções de Jesus, e a água se fez vinho.
A Transformação Contínua
Aos 22, entendi que Deus dizia, “Tim, volte pra faculdade”, e eu o fiz! Naqueles anos, me conscientizei de que Deus tinha um propósito na minha vida. Viver em um alojamento masculino tinha um efeito de cura sobre mim.  Eu era obrigado a interagir com outros homens diariamente, ser seu parceiro, aprender a me relacionar corretamente com eles. Sobressai-me na música, recebendo 5 premiações durante a graduação.
Nos verões, servia como evangelista de louvores e pregações e diretor jovem na convenção denominacional de meu estado. Passei do tímido, introvertido e inibido, para o homem seguro que proclamava com audácia a autoridade da Palavra de Deus. O menino que desprezava os seminários no ensino médio estava sendo transformado em um homem de Deus que dividia o amor de Cristo sem nenhuma vergonha.
Durante um desses verões, enquanto pregava pelo estado, meus pais se separaram e divorciaram após 33 anos de casamento; nossa linda casa fora vendida. Soube de tudo depois de ocorrido. As notícias me abalaram, mas não me pararam.
Da faculdade, fui para o Seminário de Southwestern. Quando o maestro do coral soube que eu iria estudar a Bíblia em vez da música, ele foi categórico em sua oposição: “Tim, você se superou em composição, teoria musical, arranjo de coral; por que não seguirá a música no seminário?” Tudo que eu pude dizer foi: “é o que Deus quer e é o que me basta”.
Ao começar o seminário, eu era como uma esponja em um grande lago; absorvia tudo.A Bíblia crescia viva em mim. Eu não só recebia uma grande educação teológica para um futuro ministério sobre o qual eu nada sabia, como também aplicava a verdade bíblica a minha fragilidade sexual.
As atrações pelo mesmo sexo continuaram na faculdade e no seminário, porém num nível bem menor. Mantive-me firme na recusa de ceder. Na verdade, eu já tinha dito a Deus: “Não importa se me sentirei atraído por uma mulher, desde que eu tenha o Senhor!”. Essa oração era um marco; não importava se eu tinha atração pelo sexo oposto, o que interessava era ser um discípulo de Jesus Cristo.
E depois?
Após a graduação, fui chamado a pastorear em minha cidade natal – um solteiro vivendo em uma casa de 4 quartos. Nessa época, meu pai perdeu sua casa por inadimplência, separou-se da segunda mulher, era alcoólatra e estava perto do suicídio. Com todas as responsabilidades de um jovem pastor solteiro em meus ombros, coloquei-o em um abrigo da igreja e cuidei dele até poder colocá-lo em uma instituição para alcoólatras – nada disso revelado a minha congregação.
Renunciei desse pastoreio –desiludido e deprimido. Clamei a Deus, “O que o Senhor quer de mim? Vivo no celibato a mais de dez anos. Eu o segui o mais de perto que pude. O que o Senhor que e mim”?
A intervenção surpreendente de Deus
Eu estava perto de descobrir! Uma amiga visitou minha cidade. Lembro de ter gostado dela no seminário, mas nunca a acompanhei. Passamos muitos dias juntos. Nos afeiçoamos, nada além, mas foi o bastante. Em um dia de novembro experimentei pela primeira vez, em meus 33 anos, uma atração fabulosa, estática e romântica pelo sexo oposto. O que Deus queria de mim? A fé de confiar nele sem limites!
Queria dizer ao mundo O que Deus fizera, mas não podia, pois para isso teria de revelar minha homossexualidade passada.
Não casei com essa amável senhora, que é hoje casada com um cristão maravilhoso. Conhecem minha história e me dão muito apoio. 
Cinco anos depois, em uma quinta-feira, 17 de setembro de 1992, às 7:19 da noite, Lisa entrou em minha vida. Nos encontramos em um evento para solteiros e as faíscas voaram – no bom sentido. Lisa era tudo que eu esperava – uma linda mulher de Deus, com um sorriso dos céus. A Bíblia estava certa! “Agrada-te do Senhor e Ele atenderá aos anseios do teu coração.” Deus era meu prazer e me enviou meu desejo... Lisa.
Antes de ficarmos noivos, tivemos uma longa conversa: “Lisa”, disse, “você deve saber algo do meu passado que pode influenciar nosso futuro”.Com voz firme, falei, “Eu fui gay!”
Lisa nunca hesitou em seu amor por mim. Desconhecido nas duas igrejas que servi como pastor, estudei e preguei especificamente textos bíblicos que eu podia aplicar em meu processo de cura. Aqueles sermões e o material exegético estavam colocados sobre a mesa do café para que ela visse.
Lisa e eu nos casamos em 21 de agosto de 1993. Eu tinha 38 anos. Regozijo em dizer que “embora não seja mais gay (alegre, em inglês), sou mais feliz que nunca e devo isso a Jesus Cristo”.
Mais de um ano depois de Lisa e eu nos convencermos que eu deveria testemunhar, muitos amigos cristãos se colocaram contra. Um deles me disse, “Mas isso arruinará seu testemunho!”, ao que eu respondi: “Mas esse é o meu testemunho”.Fui lembrado de que após Jesus curar um homem de Gadara, disse a ele: “Vá e dize as grandes coisas que o Senhor tem feito por ti, o quanto ele tem misericórdia de ti”, desde então faço isso!
Deus nos abençoou com mais milagres – três filhas - Clare, Grace e Ellie. Como diz o louvor, “Deus é bom o tempo todo! E todo o tempo, Deus é bom!”.
Adendo: Deus,  na sua graça, providenciou cura na minha família. Minha mãe, agora com o Senhor, deixou saudades; “Oh, Deus, desejo ouvir sua doce voz de novo. E irei! E antes da morte de meu pai, finalmente nos tornamos o que Deus queria desde o princípio... pai e filho”.
O pastor Tim Wilkins, diretor do Cross Ministry, deixou a homossexualidade e é hoje casado e pai de três filhos.
Fonte: www.crossministry.org
O Cross Ministry, Inc. (Cross) é uma organização cristã, que torna visível a realidade de mudança para o homossexual através de Jesus Cristo.


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